Quando perguntados sobre a importância do seu papel na sociedade, 97% dos professores responderam que acreditam exercer papel fundamental para a transformação social do país, entretanto, na visão desses mestres, a remuneração recebida não é compatível com o nível de complexidade da profissão. Os dados são da pesquisa realizada pelo Instituto Península.
Apesar disso, a remuneração não foi o fator mais comentado entre eles quando perguntado “O que é necessário para a valorização docente?”. A resposta mais citada foi “melhorar as condições de trabalho (96%)”, seguida por “aprimorar a carreira do professor (95%)”, reconhecimento da sociedade sobre a importância da profissão (92%), reconhecimento da sociedade sobre a complexidade da profissão (90%) e, então, “melhorar a remuneração” (88%), o que demonstra: apesar de todas as alternativas apresentarem um grau elevado de importância para os professores, o mais importante para que eles se sintam valorizados é aprimorar a carreira docente e melhorar as condições de trabalho.
Diante dessa realidade, o Rotary Club Satélite de Curitiba Norte Inspiração criou o projeto-piloto Educação Inspiração, que tem como objetivo central o reconhecimento e a valorização dos educadores. “A educação quase sempre é a resposta quando questionamos sobre o ponto mais importante para melhorar nossa sociedade. Todavia, quando olhamos para o sentimento dos educadores, vemos que o discurso e a prática estão muito distantes”, explica a associada ao Rotary e co-idealizadora do projeto, Raphaella Caçapava.
A rotariana conta que os voluntários não dão conta das demandas da educação formal que acontece no dia a dia da escola, mas são capazes de unir recursos para apoiar quem faz essa realidade acontecer: os professores. “Entendendo que o compromisso com a educação deve ser de todos, mas compreendendo que o papel do professor é insubstituível. Criamos o Educação Inspiração para apoiar duas frentes importantes diagnosticadas a partir das respostas dos professores: formação e reconhecimento; e melhores condições de trabalho, ofertando soluções que ajudem no processo de ensino-aprendizado”, complementa.
Aprovado pela Fundação Rotária, o projeto-piloto recebeu aporte de US$ 30 mil e vai atuar em duas escolas municipais de Curitiba: o CEI Expedicionário, no Novo Mundo, e o Colégio Joana Raksa, no Caximba. As escolhas foram feitas a partir do desempenho das instituições no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e da condição socioeconômica da região. “Nossa proposta é aplicar o programa nas duas escolas, avaliar em conjunto com os educadores, melhorar e ampliar à medida que conseguirmos para outras escolas do município”, descreve Raphaella.
Educação: inspiração na prática
Durante cinco meses, os professores dessas escolas participam de workshops práticos sobre os temas mais solicitados: neurociências, relações comportamentais e empatia; educação 5.0: educação baseada em projetos; metodologias ativas e gamificação; e empreendedorismo, criatividade e inovação.
Os módulos serão aplicados voluntariamente por profissionais reconhecidos nessas áreas. Ao término de cada workshop, os participantes serão desafiados a aplicarem o aprendizado em sala de aula e, em um mês, apresentar como foi o desenvolvimento. Ao final de todas as etapas, os docentes vão escrever um artigo sobre a experiência, e os melhores projetos serão premiados em uma cerimônia que vai reconhecer o “Professor Inspiração”.
As capacitações acontecem a partir de fevereiro nos espaços UP Experience da Universidade Positivo, parceira nessa etapa do projeto. A coordenadora do curso de Pedagogia, Valéria Brasil, é também jurada presidente da banca de avaliação. “É gratificante poder participar de um projeto como esse e acompanhar a transformação da educação por meio da capacitação de professores”, aponta Valéria.
Em paralelo, as escolas vão receber reforço tecnológico para apoiar a alfabetização e o letramento das crianças. Serão doados notebooks e mesas educacionais em parceria com o Educacional – Ecossistema de Tecnologia e Inovação. “As mesas educacionais são recursos excelentes porque unem tecnologia e material concreto. Elas ainda permitem tornar essa etapa da educação muito mais lúdica e divertida, além de ser totalmente adaptada para a educação inclusiva”, acrescenta Raphaella.
Cerca de mil crianças devem se beneficiar da ação neste primeiro ano de implementação. “Temos apoiado as escolas também em outras frentes, e com outros projetos complementares para permitir que os educadores possam ter suas cargas aliviadas e focar no que realmente importa: ensinar”, destaca a rotariana.
Boa Visão
Outro projeto do Rotary é o Boa Visão, aplicado nas duas instituições de ensino em 2020. Em muitos casos, o baixo rendimento escolar das crianças está ligado à dificuldade de enxergar, por isso, os rotarianos fizeram um mutirão nas escolas para identificar alunos com problemas de visão. Os estudantes que tiveram dificuldades detectadas foram encaminhados para o Hospital dos Olhos, que realizou exames oftalmológicos gratuitamente; o transporte ficou por conta da Polícia Militar e o lanche com a equipe do Sofá pra Rua. Já os óculos foram fornecidos gratuitamente pelo Instituto dos Óculos.
“Isso nos mostra duas coisas. A primeira é que a união de toda comunidade faz a diferença, e que a educação das crianças é responsabilidade de todos. Além disso, são vários os fatores que podem afetar o aprendizado, por isso precisamos olhar para todos os aspectos quando falamos em oportunizar uma educação de qualidade”, finaliza Raphaella. O desenvolvimento do projeto pode ser acompanhado nas redes sociais do Rotary @rotarycwbinspiracao e no site www.rotarycwbinspiracao.org.br .
CONTATO PARA IMPRENSA:
Raphaella Caçapava – rotariana, co-idealizadora do projeto e responsável pelas capacitações.
(41) 9 9574-1941